Percival Puggina
Sucedem-se, no país, as incitações à violência armada em substituição
ao que determinam os roteiros constitucionais. A primeira convocação
partiu do ex-presidente Lula quando, num discurso em "defesa" da
Petrobras, convocou às ruas os exércitos do senhor Stédile, comandante
em chefe das tropas do MST. Era fevereiro deste ano. Foi o estopim para
que outro alto oficial das forças petistas, o presidente da CUT, Vagner
Freitas, em agosto, engrossasse mais o caldo, conclamando os movimentos
sociais a irem às ruas, entrincheirados, de armas nas mãos, "se tentarem
derrubar a presidente".
No dia 18 de setembro, foi a vez de um deputado federal do PT,
João Daniel, em pronunciamento da tribuna, sair-se com esta: "Não se
enganem! Esse impeachment terá cor de sangue, porque as ruas dirão que a
classe trabalhadora não se renderá, não se curvará e não baixará a
cabeça".
No discurso do parlamentar petista, os primeiros alvejados por essa
mobilização de forças, como de hábito, foram os fatos. Ele proclamou da
tribuna que a presidente Dilma é "firme e forte para conduzir um grande
projeto para o país". Sim, claro, todo mundo percebe isso... Segundo
ele, o que acontece com a presidente Dilma "é a humilhação contra as
mulheres" motivada pelo "preconceito dos que, dentro, tem a força do
fascismo". E foi em frente, acusando a oposição de "um golpe para manter
o povo na miséria, para os ricos ganharem mais".
Ruim, não? A presidente, que ele diz "firme e forte" não consegue
manter uma decisão por 24 horas. De que preconceito fala o deputado num
país que elegeu e "reelegeu" uma mulher? Se a inquilina do Palácio da
Alvorada tem apenas 7% de aprovação, isso significa que ela está sendo
reprovada por 82% dos homens e mulheres que a elegeram. Por outro lado,
essa história de que "os ricos querem os pobres na pobreza" é uma tolice
marxista sem qualquer fundamento, porque numa sociedade livre todos se
beneficiam do desenvolvimento econômico. E o desenvolvimento econômico
gera desenvolvimento social. Mas, enfim, de onde menos se espera
razoabilidade e discernimento é que não os haveremos de obter.
A questão suscitada pelas três manifestações guerreiras acima é esta:
desde quanto a incitação à violência deixou de ser crime no país?
Perdeu serventia e valor o disposto no art. 23 da Lei 7.177/83? Nele se
lê que é punido com um a quatro anos de prisão quem "Incitar à luta, com
violência entre as classes sociais".
Mas a lei... Ora, a lei!
http://puggina.org/
Fonte: Mídia Sem Máscara
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