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sábado, 30 de janeiro de 2016

A Malandragem Populista

Carlos Alberto Da Cás

Schopenhauer em seu livro "Como vencer um debate sem precisar ter razão" fala sobre erística: o estudo sobre a arte de discussão contenciosa, com o uso de instrumentos de dialética. Essa malandragem filosófica deixa de lado as regras de ordem ética, prejudicando a isenção ou o debate confiável.

A lógica pressupõe o domínio de dados. A dialética tenta cobrir a sua falta. Isso pode resultar resíduos impuros. Hegel pretensamente sobrepôs a lógica do estado sobre a individualidade, inspirando outros pensadores, como Marx, Freud, Kafka e Gramsci a promoveram as suas utopias sociais, que ao final causaram mais inquietações e desordens na sociedade.

Diante dos fracassos históricos e da evolução da sociedade, na tentativa de ainda tentar a hegemonia da dialética ideológica socialista, a esquerda rançosa resgata Gramsci com sua revolução sutil e abuso da manipulação sofística. Aí aparece, como essencial vacina contra esse mal, o conhecimento da erística. Assim, é possível identificar onde a esperteza suplanta a verdade, ou quando o véu ideológico turva a razão.

O Lula com suas marolinhas é mestre, tal qual era seu camarada Chávez. Em síntese, o líder populista ou ideológico normalmente não escuta, ataca ou inventa adversário a qualquer preço, aproveita pontos fracos, desvia do assunto e se considera dono da verdade.

Essas traquinagens verborrágicas não se limitam à política, inspiraram autores da sátira tupiniquim como Nelson Rodrigues, com seus emocionados escrachos sociais. Assim, usou e abusou dessas espertas sutilezas, tais como:

O amoroso é sincero até quando mente .(3)
O dinheiro compra até o amor verdadeiro.(2)
Nem todas mulheres gostam de apanhar, só as normais.(1)
Amar é ser fiel a quem nos trai. (3)
Só o cinismo redime um casamento..(3)
O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.(1)

Princípios erísticos aplicados nas frases:
(1) generalização;
(2) mudança de modo: afirmação relativa é tomada como absoluta;
(3) uso intencional de premissa falsa.

Entretanto, essa faceta não desmerece a obra desse ícone da nossa dramaturgia. A despeito de ter declarado defensor dos valores morais tradicionais, sofreu a amarga experiência de viver num prostíbulo na sua adolescência.

Essa sombra projetou-se em sua obra pela exploração "pornográfica" de temas tabus como sexo, incesto e adultério, muitas vezes beirando os limites da crítica social. Talvez a sua mais pura intenção fosse provocar o debate sobre temas que inquietavam a sociedade brasileira.

Tudo bem diferente da intenção de líderes de barros que hoje poluem a valente América Latina com suas malandragens populistas para enganarem os seus povos.

Carlos Alberto Da Cás, General, Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares e MBA Executivo da FGV.

Fonte: Alerta Total

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