Os
socialistas querem fazer crer que “o Estado existe para redistribuir
riqueza”, concedendo educação grátis, saúde e aposentadorias grátis,
presentes e auxílios “para o povo!”
Grande
mentira! Nada é “grátis” na vida. Pagamos os gastos do Estado com
impostos. E entre as contribuições (e multas) “impostas” inclui-se a
dívida do Estado, um imposto postergado; a inflação, um imposto
disfarçado; e os confiscos de empresas e ativos econômicos a título de
“expropriações”.
Porém
a educação, a assistência médica, as pensões e, de modo geral, os
serviços que o Estado presta são ruins e de má qualidade. As empresas do
Estado costumam dar prejuízo. E para a economia privada o Estado também
decreta cargas regulamentares, chamadas de “regulatórias”. E acabam não
sendo muito produtivas. A fiscalização é selvagem. Na Argentina, por
exemplo, os impostos levam uns 50% da economia formal! Em outros países a
tributação se aproxima perigosamente desse número. Assim a pobreza
resiste em desaparecer, porque a “recuperação” econômica nunca chega.
O
sistema não funciona. E para não culpar o socialismo como tal, seus
defensores buscam um pretexto: nos fazer crer que é culpa “da
corrupção”. A histeria “anticorrupção” deixa a classe média furiosa e
“indignada”, e sua raiva conduz ao cume do poder líderes do socialismo
duro, os do Foro de São Paulo. E a corrupção? Segue ali. Agora querem
tirar os presidentes da noite para o dia, exigindo sua prisão, uma
exigência irreal que causa muita turbulência.
Vejamos.
A corrupção é assim tão elevada? Obviamente é difícil medi-la, porém
estudos sérios apontam cifras pequenas, se comparadas ao tamanho da
economia em seu conjunto, e do gasto fiscal.
Na
Colômbia, por exemplo, a corrupção leva apenas 4% do PIB; o mesmo no
México e Espanha. Seguramente o número é menor, se considerarmos que o
PIB subestima a economia informal, cujo tamanho relativo em países como
Bolívia é de 66% de toda a economia. Na América Latina, União Europeia e
outras regiões do mundo, segundo o FMI, Banco Mundial e alguns
institutos universitários, a média dos gastos em suborno e em outros
pagamentos ilegais é inferior a 5% do PIB.
Os
orçamentos fiscais estão em torno de 35 a 40% do PIB. Isso implica que a
corrupção pode estar entre 10 a 20% do gasto do Estado em cada país.
Porém, não mais do que isso. Sem dúvida é roubo; é um roubo ao Estado.
Porém, e o resto do dinheiro? E os 80 a 90% que não são roubados? É
“gasto irracional”, nome elegante para o esbanjamento: gasto ineficiente
ou improdutivo.
A
explicação é simples: nada nem ninguém pode ser eficiente e racional
fazendo o que por natureza não pode fazer. Exemplos: um cozinheiro não
pode ser eficiente tocando violino, nem um violinista por ser eficiente
preparando um suflé. É ontologicamente impossível. O Estado é “o
monopólio legal da força”, segundo a definição clássica de Max Weber. E
ele o aplica mediante um tipo de organização racional e eficiente para o
emprego da violência, lidando com a guerra, o crime, e com queira pagar
impostos para que se contrate a construção e manutenção de estradas,
pontes, barragens, etc. Porque essas são as funções próprias do Estado,
hoje não cumpridas em razão da pretensão de abarcar muitas outras
tarefas.
A
organização, tipicamente estatal, é a “burocracia”. Por isso, para
cumprir suas funções próprias o Estado dispõe de burocracias armadas,
como o exército ou a polícia; ou desarmadas como a diplomacia, que é a
face civil das forças de defesa externa; o braço judicial, para julgar
os criminosos que a polícia agarra; e o ministério de obras públicas, um
dos poucos que se justifica e tem razão de existir, para cuidar da
infraestrutura física.
Hoje
em dia, milhares de milhares de burocratas gastam toneladas de dinheiro
cuidando aquilo que não podem fazer: produzir bens e serviços de todo
tipo, entre estes a moeda, e “supervisionar” os agentes produtivos
privados da economia; proporcionar educação a crianças e adultos; curar
os enfermos; socorrer aos pobres e desvalidos, etc., etc., e bote etc.
nisso para as funções não próprias do Estado, que foram “usurpadas” das
pessoas em particular, juntamente com todos os poderes (liberdades) e
recursos para executá-las.
E
por que as burocracias não podem fazer essas coisas bem, e com
eficiência de gastos? Simples: porque não trabalham em condições de
competência, nem com lucros e perdas, que é a bússola para ver se estão
indo bem, mal ou regular, e para orientar-se, corrigir erros, sobreviver
e progredir. Tal como o fazem as empresas, centros educativos,
clínicas, associações e outras entidades privadas, que agem por sua
própria conta e risco, e estão obrigadas a suportar competidores em seus
mercados.
A
corrupção alcança magnitudes que a tornam intratável por seus próprios
remédios — os tribunais, como seria em um sistema liberal; por isso a
impunidade. Porém, isso não serve para explicar as calamidades do
sistema.
Ainda
que sirva para outros fins: (1) deixar os corruptos podres de rico; (2)
fazer “caixa” para campanhas eleitorais e demais atividades políticas;
(3) para que os corruptos hábeis e experientes em apagar vestígios
possam acusar de “corruptos” aos ineptos nessas artes, e tirá-los do
páreo, fazendo progredir a própria carreira política; e (4) sobretudo,
para desviar a atenção do público com intermináveis escândalos e
denúncias. Assim evitam que ponhamos atenção nas questões de base, e nas
demais realidades que nos ocultam.
A vocês um feliz ano novo, se isso for possível.
Alberto Mansueti é advogado e cientista político.
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
https://politicareformada.wordpress.com/
Fonte: Mídia Sem Máscara
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